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Colunas
12/04/2024 - 10h48
Luz da verdade
Confira a coluna do Emerson Miranda na última edição da Gazeta: 4.236

Em uma tarde qualquer, sob o céu que se estendia cinza e vasto acima de Patrocínio, eu me lancei às ruas de minha cidade. Essa jornada, embora rotineira, destilou-se em uma profunda reflexão sobre a essência da realidade que nos cerca e as sombras que a permeiam. As ruas, marcadas por rostos tanto familiares quanto desconhecidos, pulsavam com a vida e as histórias silenciosas que cada um carregava, configurando-se como o cenário perfeito para uma epifania que eu estava prestes a vivenciar.

Ao caminhar, a discrepância entre as expressões genuínas daqueles com quem me cruzava e as versões polidas e cuidadosamente construídas presentes nas redes sociais tornou-se evidentemente clara. Essa dicotomia evocou em mim uma reflexão inspirada pelo antigo mito da caverna de Platão: tal qual os prisioneiros que acreditavam que as sombras projetadas eram a totalidade do real, será que também nós nos deixamos enredar em uma nova caverna digital, onde as imagens e fragmentos de nossa existência são tomados por nossa verdadeira essência?

Com os passos a ecoar no calçamento, ponderava sobre a advertência de Platão acerca da vida em um mundo de sombras e aparências, distante da luz da verdade. A analogia da caverna, transposta para o nosso contexto digital, sugere uma continuidade na essencial busca humana pela realidade autêntica, desafiando a noção de progresso como uma fuga definitiva de nossas algemas ilusórias.

As redes sociais, ao possibilitarem a curadoria de nossas vidas em fragmentos ideais, revelam-se como uma extensão moderna da caverna platônica, onde as sombras de nossa existência são confundidas com sua plenitude. Essa constatação não é um julgamento das tecnologias que nos conectam, mas um convite à reflexão sobre como nossa percepção da realidade pode ser distorcida pelo constante bombardeio dessas sombras digitais.

Neste cenário, a busca pela verdade demanda de nós um discernimento crítico e uma valorização das experiências humanas autênticas, aquelas desprovidas da mediação de telas e filtros. Durante meu percurso, cada interação real - um sorriso, um aceno, um breve diálogo - reafirmava a crença de que, embora possamos nos deleitar nas sombras projetadas por nossos aparelhos, devemos buscar a luz da experiência genuína.

A caminhada pelas ruas de Patrocínio, portanto, se desdobrou como uma meditação lírica sobre a condição humana na era digital, onde a verdadeira essência se revela não nas sombras cuidadosamente curadas, mas nos momentos efêmeros de conexão autêntica. Refletindo sobre a dualidade entre o digital e o real, compreendi a importância de equilibrar ambas as esferas, preservando o valor inestimável das interações humanas diretas e da observação atenta do mundo que nos rodeia.

Em minha busca por autenticidade, este ensaio pessoal e lírico não pretende ser uma resolução definitiva, mas sim um convite à introspecção sobre como podemos navegar em um mundo cada vez mais dominado pelo virtual, mantendo-nos fiéis à riqueza indelével da vida para além das telas. A chave, sugiro, reside na nossa capacidade de reconhecer as limitações de nossas cavernas digitais e na coragem de explorar o mundo exterior, guiados pela luz da verdade e pela busca incessante pela autenticidade.

Assim, conforme avanço pelas ruas da vida, tanto virtualmente quanto no mundo físico, permaneço atento à distinção entre as sombras e a substância, inspirado pela eterna sabedoria de Platão sobre a busca pela luz da verdade. Este percurso, marcado tanto pela contemplação quanto pela ação, é um testemunho da minha jornada em busca da autenticidade em meio à complexidade do mundo contemporâneo.

"A aparência é um sonho brilhante; a verdade, um despertar."



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